AUTOR: IVO MARTINS
EDIÇÃO: Revista Op. #27 DATA: Outubro de 2009
Ernst Reijseger with Larissa Groeneveld and Frank van de Laar
Do You Still / Winter & Winter. 2007
Este disco define-se através de uma obra musical profundamente lírica, escrita para dois violoncelos e piano que
se situa nas fronteiras das muitas músicas que compõem e sonoridade contemporânea e o silêncio cada vez mais
impossível de encontrar. Tudo o que aqui acontece é portador de sentido e quando tentamos articular esse
sentido em paráfrases avulsas e sensíveis, percebemos como elas se tornam ridiculamente menores e vulgares,
sendo o resultado deste exercício vagamente metafórico e desesperadamente banal. Só a audição cuidada pode
salvar-nos dos momentos falhados do dizer e aproximar-nos de algo que sentimos como próximo do
transcendente que nos é transmitido pela força suprema da melodia como um dos grandes mistérios da criação
humana.
Henning Sieverts
Symmetry / Pirouet. 2007
Na música está sempre implícita uma espécie de confronto entre as nossas possibilidades de dizer e os limites
estreitos da linguagem. A dança tem outras características e vantagens que lhe permite explicitá-la facilmente.
Quantas vezes se pedem aos músicos para explicarem as suas obras e eles limitam-se pura e simplesmente a tocá-
las. O jazz contido neste trabalho reaviva-nos algumas destas questões e obriga-nos a ter em consideração o
passado como um espaço fundamental de acumulação de experiências que nos permite ouvir de forma diferente
todas as músicas seguintes que nos influenciam de uma forma livre por entre os sons de todos nós.
John Ruocco
Am I Asking Too Much? / Pirouet. 2008
Obra para um trio composto por piano, clarinete e contrabaixo numa evidente aproximação ao conceito de
música de câmara. Não há sociedade que exista sem musica, situação que nos alerta para o facto de que se trata
de uma linguagem universal capaz de ser escutada em todos os pontos do planeta. Este trabalho possui uma
propensão para se situar nesse espaço global de largo consenso que está assente em processos já intensamente
testados e experimentados, dando-nos, neste sentido um interessante contributo no aperfeiçoamento na
descoberta de pontos sensíveis de equilíbrio artístico sempre difíceis de encontrar.
Tim Hagans
Alone Together / Pirouet. 2008
Trabalho claro e eficiente sobre uma espécie de jazz através do qual se movimentou uma parte considerável da
historia desta musica. O quarteto que está aqui associado possui uma larga experiência neste tipo de abordagens
não deixando qualquer tipo de dúvidas sobre as finalidades e os resultados alcançados. Trata-se de uma música
transparente e eficaz que não deseja ser mais do que aquilo que exprime e expressa deixando a cada uma das
pessoas que o escuta a tarefa de construir ele mesmas as simbologias e significados úteis à sua assimilação.
