AUTOR: IVO MARTINS 

EDIÇÃO: (Catálogo) Centro Cultural Vila Flor     DATA: Maio de 2024 

 

 

 

 

 

Ritos de Passagem

 

Zona de esquecimento... 

A Marcha Gualteriana é um rito de passagem e uma zona de esquecimento; ou uma arte de caminhos que se opõe ao monumental; ou então uma manifestação popular dotada de uma forte conotação local, para onde confluem as nossas histórias em combinações dinâmicas de memória e actualidade, tudo num iminente desequilíbrio; porque, a cada ano, segue-se uma destruição; porque os carros alegóricos são desfeitos no final de cada marcha, sobrando dessa devastação conjuntos avulsos de pequenas e grandes peças que, apesar de dispersas, fragmentadas, desunidas, fraturadas, retiradas dos seus significados iniciais, persistem em lançar-nos os seus impulsos imagéticos e sensíveis através do tempo; e, hoje, todas estas coisas continuam a irradiar simbologias, textos, narrativas, coisas, referências... como se fossem elementos actuais, presentes, vibrantes... num presente que se eterniza; será, pois, a partir deste espólio, formado por materiais diversos, muitos deles pobres e quotidianos, que o Estúdio Origami propõe organizar a exposição “Fazer Arbítrio”, uma reflexão elíptica, uma instalação extravagante, uma sondagem idiossincrática sobre figuras, objectos, acontecimentos que constituem a Marcha Gualteriana.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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